terça-feira, 3 de abril de 2012

Internet no Brasil

Reprodução


 

Desigualdades sociais dificultam inclusão digital

José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
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Relatório do IBGE sobre acesso à Internet no Brasil
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 11 de dezembro de 2009, aponta que o número de brasileiros que acessam a internet aumentou 75,3% nos últimos três anos, mas que as desigualdades sociais ainda são obstáculo à inclusão digital no país.


Direto ao ponto: Ficha-resumo


Segundo essa pesquisa, 56,4 milhões de pessoas com idade de 10 anos ou mais acessaram a internet pelo menos uma vez em 2008. Em 2005, eram 31,9 milhões. Os avanços são positivos, pois o acesso a tecnologias é um importante fator de desenvolvimento. Porém, a pesquisa também mostra que pobreza e falta de escolaridade são entraves à democratização do acesso à internet.


A média de internautas brasileiros é superior à da América Latina (30,5%), mas inferior à encontrada em outros países, como Argentina (48,9%), Chile (50,4%), Colômbia (45,3%) e Uruguai (38,3%). Na Europa, a média de acesso é de 52%; e na América do Norte, de 74,2%, de acordo com o ranking da Internet World Stats. A média mundial é de 25,6%.


Estudantes

De acordo com a pesquisa do IBGE, o acesso à rede mundial de computadores cresce conforme aumenta o grau de escolaridade e de renda. No Brasil, entre as pessoas com 15 anos ou mais de estudo, 80,4% usavam a internet. Esse número decresce à medida que o tempo de estudo diminui, chegando a 7,2% entre aqueles com menos de quatro anos de instrução.


Em relação especificamente aos estudantes brasileiros, apesar do aumento registrado na pesquisa - de 35,7% em 2005, para 60,7% em 2008 -, 40% deles ainda não têm acesso à rede.


O mesmo acontece quando se leva em conta a renda por domicílio. A percentagem de usuários da internet entre o grupo cujo orçamento doméstico está na faixa dos cinco salários mínimos (R$ 2.325) é de 75,6% - contra 13% entre os internautas com rendimentos até um quarto do salário mínimo (R$ 116,25).


Jovens com idade entre 15 e 17 anos correspondem ao maior percentual de internautas (62,9%), e também representam o maior aumento em relação a 2005 (33,7%). Entre o grupo de 50 anos ou mais, somente 11,2% navegam na web.


A pesquisa reflete também as desigualdades entre as regiões do país. As regiões Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%) apresentaram os maiores percentuais, enquanto o Norte (27,5%) e o Nordeste (25,1%), os menores. O Distrito Federal possui o maior índice de acesso, 56,1%, seguido por São Paulo (43,9%). Alagoas é o estado com menor percentual: 17,8%.


Lan houses

Uma importante constatação do levantamento, em relação ao anterior, feito em 2005, diz respeito às lan houses. Pela primeira vez, elas aparecem como o segundo lugar de onde mais se acessa a internet (35,2%), perdendo para o acesso doméstico (57,1%). Em 2005, o segundo lugar era ocupado pelo local de trabalho, que ficou em terceiro lugar em 2008 (31%). Contudo, nas regiões Norte e Nordeste, as lan houses já lideram o ranking de locais de acesso, com, respectivamente, 56,3% e 52,9%.


O estudo aponta que as lan houses - hoje, cerca de 100 mil em todo país - promovem a inclusão digital nas comunidades mais carentes, desempenhando uma função que, teoricamente, caberia aos governos. Em recente artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo (indicado abaixo), o jornalista Gilberto Dimenstein afirma que, a partir dessa constatação, as lan houses poderiam oferecer mais do que o simples acesso à web. "Um pequeno investimento poderia transformar esses locais em centros culturais e tecnológicos, com um custo muitíssimo menor do que colocar banda larga em cada casa", diz o articulista.


Outro dado que mudou nos últimos três anos foi a finalidade do acesso à internet. Em 2008, 83,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa disseram que usam a rede para se comunicar com outras pessoas, o que pode demonstrar o avanço das redes sociais - Orkut, Facebook, Twitter etc. - e dos comunicadores instantâneos, como MSN e Skype. Em 2005, essa era a terceira maior finalidade declarada.


Educação e aprendizado, o principal motivo em 2005, caiu de 71,7% para 65,9% na pesquisa de 2008, passando a ocupar a terceira classificação. Em segundo lugar apareceu a opção do lazer (68,6%).


Banda larga

Já a conexão por banda larga praticamente dobrou em cinco anos, passando a primeiro lugar em forma de acesso. Em 2008, 80,3% das pessoas que acessaram a internet em casa o fizeram somente por banda larga, seguido por conexão discada (18%) e das duas formas (1,7%). Em 2005, a banda larga era a conexão de 41,2% das pessoas com acesso domiciliar.


A pesquisa do IBGE, no entanto, não diz nada sobre a qualidade dos serviços de banda larga prestados no país, que estão entre os mais lentos e caros do mundo. De acordo com um estudo da consultoria IDC, realizado a pedido da empresa Cisco, a maioria das conexões do país tem menos de 1 megabit por segundo (Mbps) de velocidade. Esse patamar sequer é considerado banda larga pela União Internacional de Telecomunicações (UIT). Em relação ao preço, o Brasil apresenta os mais altos valores cobrados, quando comparados a oito países. Na França, por exemplo, paga-se US$ 0,32 por 1 Mbps, enquanto o brasileiro gasta até US$ 22,27.


Falta de competição no mercado das empresas de telefonia, que oferecem o serviço, e impostos caros são as causas apontadas pelos especialistas para o alto custo e a baixa qualidade da banda larga no Brasil.


Mas qual a finalidade de se conhecer os hábitos do brasileiro em relação ao ciberespaço? Pesquisas desse tipo são importantes não apenas para que as empresas possam oferecer serviços e produtos melhores, mas também para que os governos saibam como devem orientar as políticas públicas de inclusão digital.

Direto ao ponto volta ao topo
O número de brasileiros que acessam a internet aumentou 75,3% nos últimos três anos, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 56,4 milhões de pessoas, com idade de 10 anos ou mais, acessaram a internet pelo menos uma vez em 2008. Em 2005, eram 31,9 milhões.

Os avanços são positivos, mas o levantamento aponta que pobreza e falta de escolaridade são entraves à democratização do acesso à internet.

De acordo com a pesquisa do IBGE, o acesso à rede mundial de computadores cresce conforme aumenta o grau de escolaridade e de renda.

As principais novidades da pesquisa, em relação à de 2005, foram:

1. As lan houses são o segundo lugar de onde mais se conecta (35,2%), perdendo para o acesso doméstico (57,1%). Nas regiões Norte e Nordeste, elas lideram o ranking de locais de acesso.


2. Em 2008, 83,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa disseram que usavam a rede para se comunicar com outras pessoas. Em 2005, esse era o terceiro maior motivo declarado.

3. A conexão por banda larga praticamente dobrou em cinco anos, passando a ocupar o primeiro lugar em forma de acesso.

Um comentário:

  1. Assim como todo o tipo de tecnologia, se o indivíduo não possui poder aquisitivo para participar dessa fica excluído digitalmente, pois os projetos de acessibilidade são muito (como os telecentros), mas não são eficazes.
    Heloisa Helena.

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